sexta-feira, 18 de julho de 2008

A mais bela Poesia de Pablo Neruda: 'Farewell'

Este é o poema que jurei não declamar nunca mais por completo, é a poesia mais doce e mais apaixonada. Escrita no primeiro livro Crepusculario, Pablo Neruda diz que Farewell criou asas e voou estava em crepusulario mas não era dali. Este poema é mencionado em o Carteiro e o Poeta. Neruda dizia que as pessoas o atacavam na rua, inclusive em outros lugares para lhe declamar esta poesia (me arrepiei e uma lágrima insiste em cair no canto do olho).
Quando li este poema nunca mais penso em poesia sem lembrar desta obra espetacular. Desde 1997 eu amo este poema e percebo o quando Neruda me influenciou em diversas questões e ainda hoje, calejado pelas dores de amores ainda me sinto esta criança triste.

Farewell - Crepusculario (1923)

"Do fundo de ti e ajoelhada,
Uma criança triste, como eu, nos olha
Por essa vida que arderá nas suas veias
Teriam que amarrar as nossas vidas,
Por essas mãos, filhas das tuas mãos
Teriam que matar as minhas mãos
Pelos seus olhos abertos na terra,
verei nos teus lágrimas um dia.
Eu não o quero, amada
Para que nada nos amarre
Que não nos una nada
Nem a palavra que aromou tua boca
Nem o que não disseram as palavras
nem a festa de amor que não tivemos
nem os teus soluços junto à janela.
Amo o amor dos marinheiros
que beijam e vão-se embora
Deixam uma promessa
não voltam nunca mais
Em cada porto uma mulher espera:
os marinheiros beijam e vão-se embora
uma noite se deitam com a morte no leito do mar
Amo o amor que se reparte em beijos, leito e pão,
Amor que pode ser eterno e pode ser fugaz,
Amor que quer se libertar para tornar a amar,
amor divinizado que se aproxima,
amor divinizado que vai embora,
Já não se encantarão meus olhos nos teus olhos,
Já não se adoçará junto a ti a minha dor,
mas para onde vá levarei o teu olhar
E por onde caminhes levarás a minha dor
Fui teu, foste minha,
O que mais?
Juntos fizemos uma curva
Na rota por onde o amor passou
Fui teu, foste minha,
tu serás daquele que te ame
daquele que corte em tua horta
o que semeei eu.
Vou-me embora.
Estou triste, mas sempre estou triste,
Venho dos teus braços
não sei para onde vou,
... do teu coração me diz adeus uma criança
e eu lhe digo adeus."

2 comentários:

Guacirita disse...

Não sabia que vc gostava de poesias.
Também adoro Neruda, entre outros...
Parabéns pelo blog.
beijos

Unknown disse...

Esta foi uma das primeiras poesias que lembro ter memorizado, quando tinha 12 ou 13 anos. Hoje com 44 ainda não esqueci. É maravilhosa.